sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

NA ILHA

Fui tragada pela água langue
Que fluía como um mel escuro
Escorrendo de uma língua alada.

Fui levada pela correnteza,
Engolida em ritmo dissoluto,
Em montagem cinematográfica.

Me afoguei no azul das telas (longe)
Me afoguei na luz azul daquela imagem

Safo, esfinge, silêncio das sereias
Jaguareté, vampiro, Circe, aedo
Brisa mansa do subúrbio, tédio
Tarde cinza, tesão e medo

Inalei o vapor do mistério
E meu vocabulário
Imediatamente se transformou

Sol na cara, tudo é praia palma
Vou pra casa -- mãos vazias
Mas já não me falta nada.

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