Entre sonhos e pernilongos
Tenho um sono agitado
Suor escorre na noite escura
Quanto calor opaco
Não há um cobertor que cubra
Não há um guarda-chuva
Que proteja esse império
De mistério e saúvas
A estrela matutina
O açoite dos motores
Nada ilumina essa penumbra
O zumbido na orelha
A centelha na janela
Não penetra a pálpebra fechada
Tudo é febre e alumbramento
Limbo e teofania
O corpo inerte não denuncia
A polução que dentro
Dançam deuses, orixás e ninfas
Térmitas, fosfenos, seios
Pisoteando as pupilas
Que orbitam no avesso
Último país fértil
Contra a vigília estéril
Não me acorde mãe
Não me acorde, ó mãe
Não me acorde ainda
Não quero cruzar as fronteiras dessa hipnose
Espírito enfim liberto
Dos grilhões do corpo
Não me acorde mãe
Não me acorde, ó mãe
Não me acorde ainda
Aqui realizo a utopia de minha gnose
Quando chega o inevitável
Desvelar das cortinas
Tanta luminosidade
Dói
Dói
Dói
Nenhum comentário:
Postar um comentário