segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

ENTRE SONHOS E...

Entre sonhos e pernilongos
Tenho um sono agitado
Suor escorre na noite escura
Quanto calor opaco

Não há um cobertor que cubra
Não há um guarda-chuva
Que proteja esse império
De mistério e saúvas

A estrela matutina
O açoite dos motores
Nada ilumina essa penumbra

O zumbido na orelha
A centelha na janela
Não penetra a pálpebra fechada

Tudo é febre e alumbramento
Limbo e teofania
O corpo inerte não denuncia
A polução que dentro

Dançam deuses, orixás e ninfas
Térmitas, fosfenos, seios
Pisoteando as pupilas
Que orbitam no avesso

Último país fértil
Contra a vigília estéril
Não me acorde mãe
Não me acorde, ó mãe
Não me acorde ainda
Não quero cruzar as fronteiras dessa hipnose

Espírito enfim liberto
Dos grilhões do corpo
Não me acorde mãe
Não me acorde, ó mãe
Não me acorde ainda
Aqui realizo a utopia de minha gnose

Quando chega o inevitável
Desvelar das cortinas
Tanta luminosidade
Dói
Dói
Dói

Nenhum comentário:

Postar um comentário