Atravessemos uma grande capital moderna, com os ouvidos mais atentos que os olhos, e degustaremos então o distinguir dos redemoinhos de água, de ar ou de gás nos tubos metálicos, o murmúrio dos motores que resfolegam e pulsam com uma indiscutível animalidade, o palpitar das válvulas, o vai e vem dos êmbolos, os rangidos das serras mecânicas, o andar dos trens por sobre os trilhos, o estalar dos chicotes, o gorjear das cortinas e das bandeiras. Divertir-nos-emos a orquestrar ideal e conjuntamente o estampido dos portões das lojas, as portas batidas, o sussurro e o ruído de passos das multidões, os diversos alaridos das estações, das ferrarias, das fiações, das tipografias, das centrais elétricas e das ferrovias subterrâneas. E nem é preciso que nos esqueçamos dos ruídos novíssimos da guerra moderna.{LUIGI RUSSOLO. A arte dos ruídos. Em:MENEZES, Flo. Música eletroacústica: história e estéticas. São Paulo: EdUSP, 1996}
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
LUIGI RUSSOLO: "A arte dos ruídos" (fragmento)
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