segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A POÇÃO QUE BEBI

a poção que bebi

tinha cheiro orgástico de frutas apodrecendo no chão me atraindo como abelha bêbada cheiro doce nauseante irresistível fermentação fervendo na ânfora

vida e morte amortemor metamorfoseando meu rosto barroco transfigurado de avidez sonhando alcançar o êxtase de santa teresa

vapor gerando hologramas úmidos imagens mornas dançando na fumaça rosa me encandeando com brilho escuro e misterioso

gosto ácido fogo me dilacerando no primeiro gole ansioso luz líquida me preenchendo de visões estroboscópicas se misturando com meu sangue vinho me entorpecendo se misturando com meu sangue água calma se misturando com meu sangue

água azul limpando as sedimentações do ser impelindo o devir

água

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