As tardes, passo dormindo ou simplesmente acordado. Não tenho paciência para arrumar o apartamento e nem necessidade, já que não recebo visitas. Quando começa anoitecer, pego o garrafão de vinho e bebo no bico. Me levanto, sento, acendo um cigarro, não tenho nem um cachorro. Começo a escrever e vou até a madrugada. Às vezes fico horas em frente à uma folha, o vinho encostado ao lado, na mão direita uma caneta bic e não escrevo uma linha sequer. O celular pré-pago nunca toca, mas, nesses momentos, eu olho pra ele em cima do sofá, esperando que algo aconteça.
domingo, 15 de agosto de 2010
Não tenho tido paciência para tomar banho. Muito menos para fazer a barba. A flor dos meus trinta anos passo num apartamento no Brás. Às vezes fico dias sem ver a luz do sol e às vezes fico dias sem luz. Os bicos em barzinhos, tocando músicas que detesto e em jornais, escrevendo coisas que detesto, me alimentam. Às vezes, gasto o que sobra levando alguma prostituta para casa. Teve uma que levei muitas noites e um dia ela não me cobrou pelo trabalho. Ela passou a morar comigo e me ajudar com as despesas. Não suportei quando ela atendeu um cliente no nosso apartamento. Ela saiu de casa de bom grado, sem briga: já devia saber, muito antes de mim, que esse destino era inevitável. Elas acham estranho quando eu as levo e ponho numa posição desconfortável e me sento a alguns metros de distância com um lápis e uma folha na mão e nada mais acontece.
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Meu retrato daqui uns anos! lol
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