Uma
mudança de ideia:
Sobre
artes visuais, eu considerava apenas as características visuais da
obra de arte como válidas porque eu achava que se a parte semântica
fosse levada em conta a estética visual já perderia o seu sentido:
porque pintar se a mensagem é o que importa? Seria mais fácil fazer
um texto.
Mas
tem uma coisa que eu não tinha percebido, a semântica também tem
valor estético. É como se as ideias transmitidas fizessem um
movimento plástico dentro da cabeça das pessoas (de ligação das
ideias com a maneira como elas se transformaram em forma visual),
com isso a obra leva ao prazer estético. O entendimento de símbolos,
referências, discursos e etc. gera prazer estético. A maneira como a
artista usa ideias nas obras é poética, fazer um discurso se
transformar em poesia é um feito artístico que causa deleite ao
espectador. Maneiras improváveis ou bem particulares de transmitir um discurso fazem obras sensíveis.
A
poética da forma também é muito importante e costuma ser
esquecida. Por isso continuo a gostar mais desse aspecto.
O
discurso pode ser até mesmo sobre a estética, sobre a visualidade.
Como é o caso dos concretistas. Uma obra de arte se torna relevante
quando discute algo, mesmo que de maneira sutil, melhor que seja de
maneira sutil inclusive.
Uma
boa análise artística deve estar atenta ao caráter estético
formal e também ao caráter estético discursivo. Ambos estão em
debate com o seu tempo e espaço, nessa perspectiva que eu acredito
que uma análise social deve ser feita também.
(texto por Gabriela Castro)
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