Na teoria psicanalítica, o conceito de sublimação está relacionado à ideia de um instinto profundo da alma humana que é reprimido e é canalizado numa outra força psíquica para que possa ser liberado: por exemplo, uma pessoa que, sentindo ódio e vontade de matar outrem, ao invés de fazê-lo apenas xinga e grita palavrões, sublimando assim o instinto de assassínio em palavras. De onde vem a anedota de que o primeiro homem a xingar o outro ao invés de partir sua cabeça foi o fundador da civilização — pois a civilização não passa de uma sublimação de nosso instinto de sobrevivência canalizado em nossos atos sociais e civilizatórios.
A arte também não passa de sublimação. Toda arte nasce do ódio, da violência, do pecado, de qualquer coisa essencial e profunda que precisamos reprimir para viver em sociedade. Tanto maior é a arte quanto maior o grau de sublimação que ela representa: será então maior a arte que, vindo do mais profundo da alma, do mais reprimido e violento, menos o aparente por estar isso sublimado noutra coisa. Daí concluo que quanto menos a arte falar aos sentidos e aos instintos, maior ela será, por estar melhor sublimada. Quanto mais se aproximar da abstração, com quanto mais distanciamento ela conseguir comunicar nossos instintos profundos, maior ela será.
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