Sim, a sociedade me satura. Por que é que eu sou obrigado a conviver? O que eu quero agora é apenas me sentar em meu quarto e jogar o videogame que tem preenchido meus dias, enquanto mamãe assiste alguma série americana na TV. O que acontece lá fora não me interessa. O noticiário, todos os dias, anuncia uma tragédia em algum lugar, uma grande vitória em outro. Nada disso me interessa. Não pense que sou egoísta. Mas pense: toda a infelicidade de uma pessoa é consequência de se importar com o outro. De se importar, tanto negativa, quanto positivamente: podemos ser infelizes por empatia ou por inveja, mas sempre seremos infelizes quando importarmo-nos com os outros. O inferno são os outros. Confesso que nunca li Sartre. Mas suponho poder entendê-lo.
A minha situação é vergonhosa, eu sei. Desempregado, vivendo às custas da aposentadoria da mãe, que não é grande coisa. Mas nunca mais voltarei para o teatro. Sempre, antes de dormir, digo a mim mesmo que amanhã vou fazer algo a respeito e no entanto, quando acordo, me mantenho inerte. Pode parecer uma justificativa sem fundamento, mas não acredito que seja a preguiça ou mesmo algo como uma depressão o que me impeça. Poderão dizer que não tenho vergonha, que sou um vagabundo. O que acho, porém, é que há homens que não deveriam trabalhar. Que deveriam se isolar da sociedade. Há algo no homem superior que o inibe à ação e ao convívio. Não me creio um homem intelectualmente superior, mas sim moralmente. É certo que homens de grande intelecto são moralmente superiores, mas não necessariamente toda moral superior vem de um intelecto privilegiado. Por exemplo, a própria evolução da civilização não representa um grande avanço no intelecto do ser humano, mas na sua moral sim. Mas divaguei. Estava dizendo que há, nesse homem de moral superior, algo que o impede de agir. Como uma aguda consciência das possibilidades de resultados contidas em cada ato e, dessa consciência, o escrúpulo de... Não, não me faço claro o suficiente. O que quero dizer é que todo ato é, para o homem superior, algo como deixar a segurança da solidão.
Pois bem, ontem chorei lavando pratos.
A minha situação é vergonhosa, eu sei. Desempregado, vivendo às custas da aposentadoria da mãe, que não é grande coisa. Mas nunca mais voltarei para o teatro. Sempre, antes de dormir, digo a mim mesmo que amanhã vou fazer algo a respeito e no entanto, quando acordo, me mantenho inerte. Pode parecer uma justificativa sem fundamento, mas não acredito que seja a preguiça ou mesmo algo como uma depressão o que me impeça. Poderão dizer que não tenho vergonha, que sou um vagabundo. O que acho, porém, é que há homens que não deveriam trabalhar. Que deveriam se isolar da sociedade. Há algo no homem superior que o inibe à ação e ao convívio. Não me creio um homem intelectualmente superior, mas sim moralmente. É certo que homens de grande intelecto são moralmente superiores, mas não necessariamente toda moral superior vem de um intelecto privilegiado. Por exemplo, a própria evolução da civilização não representa um grande avanço no intelecto do ser humano, mas na sua moral sim. Mas divaguei. Estava dizendo que há, nesse homem de moral superior, algo que o impede de agir. Como uma aguda consciência das possibilidades de resultados contidas em cada ato e, dessa consciência, o escrúpulo de... Não, não me faço claro o suficiente. O que quero dizer é que todo ato é, para o homem superior, algo como deixar a segurança da solidão.
Pois bem, ontem chorei lavando pratos.
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