Imagino que o que causa a indignação de certas pessoas com a arte conceitual é justamente o fato dela ser vendida às vezes por preços absurdos sem ter havido (aparentemente) qualquer trabalho para ser realizada. E nesse sentido eu concordo com essas pessoas. Mas também acho que obras antigas e consagradas não deveriam ser vendidas por preços igualmente absurdos. A obra de arte é algo que se faz por necessidade, assim como se faz filosofia ou se pratica um esporte. E assim como o jogador de xadrez, é algo que queremos fazer bem, queremos fazer melhor que o outro, mas nos divertimos igualmente mesmo levando o mate. E embora haja atletas profissionais, nada impede que qualquer um pratique qualquer esporte. Da mesma maneira, nada impede que qualquer um faça arte. Mas no caso da arte há um problema: com os preceitos técnicos abolidos, a obra de um leigo pode ser tão boa quanto a de um artista profissional (aliás, o próprio conceito de uma obra boa ou ruim se torna muito confuso). Qual então o sentido de se dar valor a uma obra? E se não se pode dar valor, como pode haver um mercado de arte? O mercado de arte deveria ser abolido. Ou pelo menos eu, como indivíduo, passo a ignorá-lo. Tanto em música, quanto em pintura, quanto em literatura ou cinema.
Não desvalorizo a arte feita com o intuito de entreter ou passar algum conteúdo, como no caso da Ilustração, que precisa ser clara em sua mensagem. Tampouco desvalorizo os artistas que se ocupam em reproduzir (e de certa forma, atualizar) as expressões artísticas de outras épocas, como os músicos de orquestras, que precisam de ter uma vasta técnica e muitas vezes são igualmente bons com as novas linguagens. No entanto, prefiro chamá-los de artesãos, uma vez que trabalham com algo exterior à sua subjetividade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário