O realismo é invenção moderna e, portanto, burguesa e europeia. Nasceu junto com a ciência e com o desenvolvimento do estilo de vida capitalista. Daí é que todo realismo encara a vida como se ela fosse feita essencialmente das instituições que surgiram nesse meio: a família, o trabalho, o indivíduo e seus dramas psicológicos...
Aparentemente todas as outras sociedades sabem que a vida é muito mais do que isso. Mesmo o proto-burguês Odisseu conviveu com deuses e feiticeiras, o carola Dante viu as maravilhas do inferno, do purgatório e do paraíso, o aposentado Quixote delirou.
O realismo, em literatura ou em política, é o que há de menos convincente, é uma solução medrosa, um acordo com o conservadorismo pra fazer pequenos avanços, uma forma de se deixar engolir sem doer.
A esquerda precisa sempre imaginar. Como os indígenas, os indianos, os sumérios, os chineses, como William Blake, Borges, Swedenborg. Bomba de hidrogênio, luxo para todos. Abaixo a covardia dos realismos.
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