Um dia eu vou pra rua
— calada e desarmada —
e multidão nenhuma,
nenhuma amargura,
virá na madrugada.
Num pijama irreal
e com o corpo rasura-
do — mas nenhum sinal
de dor ou atadura —
um dia eu vou pra rua.
Um dia eu vou pra rua
perfeita travesti.
Plástico barro espuma
vapor lâmina triz.
Um dia eu vou pra rua
perfeita travesti.
Noite da noite escura
Vou me despir.
Um reino não se funda
no seio de outro reino.
Um dia eu vou pra rua
e assentar o exílio
em meu próprio seio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário