terça-feira, 16 de janeiro de 2018

DOIS POEMAS DE IBN AS-SÎD

vive para sempre o homem de saber
ainda quando, após a morte,
na terra, em pó seu corpo se volver...
o néscio, esse, é sempre um morto
que mesmo se segue caminhando
muito embora aparentando vida
não passa de corpo vegetando.

***

é um cavalo negro
da raça dos puros garanhões.
a noite é a sua veste.
a aurora pôs marcas brancas
em seus cascos.

atónita da sua beleza
a água gelou-lhe sobre o pêlo:
não fora o ardor do seu galope,
e não teria escorrido.

o crescente que marca o fim do jejum
lhe brilha no semblante
quando os olhos se reviram de desejo;
dir-se-ia que tempestades o arrastam
quando o peitoral e a garupa
se mostram banhados de suor.

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