redonda forma
agradável gosto.
da água fresca dos jardins
lhe vem o mosto.
cingida a carapaça
ao pé, que a nutre,
é coração rubro de cordeiro
prisioneiro das garras de um abutre.
***
os viajantes da noite murmuram o teu nome
e as areias do deserto derramam sobre quem te pisa
o perfume do almíscar.
e da formosura da invocação sabemos da beleza do invocado
como pelo verdor das margens se pressente o rio.
***
UM AMOR CASTO
quantas vezes a amada me veio ver!
negra era a noite como o seu cabelo.
junto a mim ficou até ao romper da alva
refulgente como o seu rosto claro.
ficou à minha mesa.
e nosso puro amor
fez-nos companhia.
o vinho turbava a minha alma
tal como as pupilas dos seus olhos.
mas permaneci casto,
homem senhor da sua força:
só tem virtude verdadeira
quem a si se vence no vigor.
***
honram, por ignorância, o mundo
os homens nesta desprezível vida:
por ele lutam como cães que a fundo
se atiram sobre caça ferida.