quarta-feira, 26 de maio de 2021

Tanto Mar

Imperpetuáveis ninfas
No ciberespaço do céu de Hong Kong
Sombras se esvaindo no juncal

Fauno delirando entre bombas
Abraçando o sonho e o real
Amassando o ar

Incomunicáveis corpos
Pulsam no espelho elétrico do mar de Bangkok
Hostes se adensando no jornal

Falos balas gás lacrimogêneo
Náufrago no artificial
Monte Santo Paz Celestial
 
Myanmar Myanmar Myanmar Myanmar
 
Quem sabe as almas toquem-se afinal
Nas vagas calles vogues sol de Medellín
Infinitas almas

terça-feira, 25 de maio de 2021

BOCAGE: "A FROUXIDÃO NO AMOR É UMA OFENSA"

A frouxidão no amor é uma ofensa,

Ofensa que se eleva a grau supremo;

Paixão requer paixão; fevor, e extremo;

Com extremo e fervor se recompensa.


Vê qual sou, vê qual és, vê que dif'rença!

Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;

Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;

Em sombras a razão se me condensa.


Tu só tens gratidão, só tens brandura,

E antes que um coração pouco amoroso

Quisera ver-te uma alma ingrata e dura.


Talvez me enfadaria aspecto iroso;

Mas de teu peito a lânguida ternura

Tem-se cativo, e não me faz ditoso.


***

Bônus: https://www.youtube.com/watch?v=QlVXPWGxYwQ

A faixa "Quem vê cara" do álbum "Todo Mundo é Bom" do Coletivo Chama.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Improvisação, ego e superego

 O improviso requer o afrouxamento dos fios repressores. O superego modera a sua vigilância. Não que isso signifique o inchaço descontrolado do ego. Num improviso com um sistema, com uma situação, fazemos uma jogada e esperamos para ver como o sistema reage e então reagimos novamento num fluxo contínuo de feedbacks. Se o ego cresce demais o processo é interrompido e o jogo perde a graça. Por outro lado, se o superego controla demais, o sistema deixa de ser aberto relativamente imprevisível e também o jogo perde a graça.

Forma e função

Ao contrário do que podem sugerir certas interpretações da teoria da evolução (frequentemente subjacentes na frase: "tudo tem uma função" -- que minha mãe gosta muito de repetir), a natureza não opera com finalidades. É engano acreditar que o olho surgiu "para" ver ou que as suturas do crânio humano surgiram "para" suportar o crescimento da cabeça. Eles surgiram, apenas. É claro que não surgiram do nada e que, portanto, antes tinham outras funções. Mas a forma vem sempre antes da função.

Devir x sedimentação

Se por um lado estamos em devir, por outro estamos sujeitos à sedimentação: fixação de certas posições sociais, de traços psíquicos, a ação erosiva da história, que trunca o processo de heterogênese, as tendências particulares de cada corpo. É por isso que não basta nos declararmos em determinada posição. É preciso vivenciá-la num longo processo de sedimentação que nem sempre, ou raramente, depende apenas da nossa vontade.

Mais amor menos dinheiro

Quando alguém escreve num muro “+amor -dinheiro” está cometendo um erro se acredita que os dois termos se opõem. O amor (não importa o que isso queira significar), a produção do amor é, para o capitalismo, produção de dinheiro.

COMO FAZER UMA PESQUISA, RESUMIDAMENTE

1ª fase: Qual o objeto de pesquisa? Porque este objeto? Como formulamos a pergunta fundamental?

2ª fase: Como fazer? Quais as consequências?

3ª fase: Hipóteses (resposta à pergunta fundamental) --> as hipóteses verificam-se ou não? Se, sim, a pesquisa está concluída. Se não, deve-se reformular a pergunta ou reavaliar as ferramentas.


TIPOS DE PESQUISA

Pesquisa fundamental: busca o maior número de conhecimento sobre um assunto. Mais abrangente. Mais adequada ao doutorado.

Pesquisa aplicada: dá resposta a uma pergunta específica.


PROCESSO DE PESQUISA

1 - Levantamento bibliográfico (6 meses a 1 ano)

2 - Hierarquização da bibliografia (3 a 6 meses)

3 - Transpor a bibliografia / escrita (6 meses)

4 - Validação das hipóteses

5 - Síntese do problema / conclusão