terça-feira, 24 de dezembro de 2019

ARTESÃ ou O HOMÚNCULO

Depois de me arrancar do barro sem forma
E me moldar com mãos severas de oleiro
E educar meu gozo no seu leito

Depois de hipnotizar a terracota
Coagular o albúmen de meu sêmen
E tatuar minha tez com o sinal do golem

Depois de me trincar a asa torta
Puir com a espuma dos dias a argila
E esfarelar-me a pele quebradiça

Você despreza agora a sua obra
(Mais morta quanto mais você retoca
Com a máscara dessa têmpera diáfana)
E bebe o vinho na boca de outra ânfora

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