sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

GREGÓRIO DE MATOS - ESTOU, SENHOR, DA VOSSA MÃO TOCADO

Estou, Senhor, da vossa mão tocado,
E este toque em flagelo desmentido
Era à vossa justiça tão devido,
Quão merecido foi do meu pecado.

Menos sentido estou, do que admirado,
Mais admirado o digo, que sentido,
Pois vós contra um nonada enfurecido
Tendes tão forte braço levantado.

Quando o Hebreu clemência vos pedia,
De metal vos mostrava uma serpente,
Demonstração de que outra o afligia:

Eu pois, que vos quisera ver clemente,
Não vos mostro em metal minha agonia,
Mostro a minha pobreza realmente.

{em:MATOS, Gregório de; HANSEN, João Adolfo; MOREIRA, Marcelllo. Gregório de Matos: poemas atribuídos : Códice Asensio-Cunha . Belo Horizonte: Autêntica, 2013}

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