A tentação a evitar era , acima de tudo, era a do moralismo. A cumplicidade do pós-modernismo com a lógica do mercado e do espetáculo era inequívoca. Mas a sua simples condenação era inútil. Repetidamente -- para supresa de muitos, tanto à esquerda quanto à direita -- Jameson insistiu na futilidade de moralizar sobre a ascensão do pós-moderno. Por mais acurados que fossem seus juízos locais, esse moralismo era um "luxo empobrecido" que uma visão histórica não podia se permitir. Nisso, Jameson era fiel a convicções antigas. As doutrinas éticas pressupunham uma certa homogeneidade local, em que podiam reescrever exigências institucionais como normas interpessoais e com isso reprimir realidades políticas nas "categorias arcaicas do bem e do mal, de há muito desmascaradas por Nietzsche como vestígios sedimentados das relações de poder. Bem antes de discorrer sobre o pós-moderno, ele definiu a posição com que o veria: "a ética, onde quer que reapareça, pode ser tomada como um sinal de tentativa de mistificar e em particular de substituir os juízos complexos e ambivalentes de uma perspectiva mais propriamente política e dialética pelas confortáveis simplificações de um mito binário"
em: Perry Anderson. As origens da pós-modernidade. Zahar editora, 1999.